ageu dantas Ageu Dantas (Foto: Reprodução/ LinkedIn)

Claro apresenta sua plataforma de Open Gateway em Barcelona

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Empresa demonstrou uso comercial do SIM SWAP e Number Verification com vários parceiros durante o evento deste ano



Por Redação em 02/04/2024

O tema Open Gateway, iniciativa que transforma as redes de telecomunicações em plataformas padronizadas e abertas a desenvolvedores, abriu a edição deste ano do Mobile World Congress (MWC), em Barcelona. A importância do assunto não se limita às operadoras móveis, mas envolve várias verticais de indústria e, com certeza, a segurança dos milhões de usuários da telefonia no país. Nessa entrevista com Ageu Dantas, Head de Data Analytics e Messaging, da área de Novos Negócios da Claro, falamos do conceito e das soluções comerciais que a Claro já disponibiliza no Brasil. O executivo é um dos especialistas no tema e participou ativamente da apresentação das soluções da operadora no MWC. 

O MWC é o evento mais importante da telefonia móvel mundial. O que impactou você como profissional da área neste ano?

Em toda a feira, vi uma tendência muito evidente de uso da IA generativa, presente em vários painéis e estandes. Acredito que isso se equipara a qualquer outra grande inovação tecnológica atualmente. O uso de IA generativa para assistentes de dispositivos estava em destaque. Outro caso de uso foi a utilização de tecnologia generativa para otimização de infraestrutura de rede, inclusive na manutenção. Além disso, vi casos de aplicação de tecnologia generativa nos chipsets, principalmente em termos de desempenho e redução de consumo de energia. Esse foi um exemplo tangível de como essa tecnologia está sendo aplicada para melhorar dispositivos.

Além da IA generativa…

Outro tema em destaque foi a Internet das Coisas (IoT). Conversando com pessoas do meio, percebi que esse conceito se tornou muito tangível e está sendo integrado em diversos sistemas, desde monitoramento de fazendas até aplicações na indústria médica. Havia demonstrações desde cirurgias remotas, controladas por dispositivos conectados, até soluções de drones para transporte pessoal, uma tendência que provavelmente se tornará realidade em breve. As telas flexíveis e smartphones dobráveis foram outro destaque, ao lado de demonstrações de 3D sem a necessidade de óculos 3D. E, é claro, o Open Gateway, como um dos temas-chave do evento.

Qual foi a importância do Open Gateway no MWC?

Na verdade, o conceito foi anunciado no MWC do ano passado pela própria GSMA, que é uma associação global de operadoras. Hoje, a iniciativa tem uma participação ampla, com fabricantes e provedores de serviço, entre outros. O tema foi predominante por se tratar de uma iniciativa global para abrir as redes das operadoras de telecomunicações. Isso permite o acesso padronizado a informações e tecnologias, independentemente da operadora ou do país. O Brasil teve destaque nesse aspecto, sendo um dos primeiros países a desenvolver soluções e lançar APIs para integração de serviços. E, entre as discussões, houve um grande foco em como as operadoras podem monetizar seus investimentos em 5G por meio dessa abertura de rede.

A Claro teve vários exemplos de casos reais de aplicação, pode falar sobre eles?

Foram mostrados casos reais de integração, tanto com o Banco Daycoval, quanto com o Itaú. Um destaque significativo foi para o Itaú, que enviou o seu CTO  Fábio Napoli ao evento para ressaltar a importância do Open Gateway para o mercado bancário brasileiro. Esse anúncio foi feito durante o painel principal do evento, proporcionando visibilidade global para o caso brasileiro, o que foi bastante positivo. Outro destaque foi para a Microsoft. Houve pelo menos quatro painéis diferentes, nos quais foram discutidos casos de uso brasileiros. Um deles foi conduzido pelo vice-presidente para América Latina da Microsoft, que apresentou a plataforma Azure e sua distribuição global, incluindo a participação inicial da Claro como uma das parceiras. Essa parceria já resultou na integração das APIs anunciadas durante o evento.

A Claro também disponibilizou aplicação real?

Sim, um caso interessante em parceria com a AWS, dentro do estande dela. Apresentamos demonstrações em tempo real das APIs de SIM SWAP e de Number Verification. Os visitantes podiam fazer requisições reais e receber respostas em tempo real, sendo que a equipe técnica da Claro, no Brasil, acompanhava e garantia o sucesso da integração. Essa parceria chamou bastante atenção no estande da AWS durante o evento. Outro ponto notável foi a rapidez em que essa parceria foi estabelecida e implementada, desde a decisão até a integração completa na AWS e a finalização dos contratos. Isso demonstra a eficiência e a agilidade das empresas envolvidas em tornar a integração uma realidade durante a MWC.

Falando especificamente de APIs, você poderia explicar o que são e a função das soluções comerciais da Claro?

O SIM SWAP serve para identificar se houve uma troca de cartão SIM recente em uma linha. A troca, por si só, não é uma fraude, como é o caso da perda de um celular e do pedido de outro chip com o mesmo número. No mundo, porém, existem fraudes desse tipo e as operadoras trabalham arduamente para reduzir o crime. A Claro criou várias iniciativas para evitar esse tipo de fraudes, incluindo a troca feita em loja, acompanhada de uma série de medidas para prevenir fraudes, cada uma abordando uma forma ou outra, mas todas sempre atualizadas. O SIM SWAP disponibilizado no Open Gateway emite um alerta e informa quando você faz uma requisição na API. E indica se é problemático. No caso dos bancos, é importante evitar esse crime, pois se o fraudador for bem-sucedido, ele pode receber um SMS de verificação e fazer transações. Com alertas, o banco pode atuar com outras linhas de verificação e pedir para que o cliente vá até uma agência ou se submeta a uma biometria facial. 

E o Number Verification?

A verificação do número funciona como uma dupla autenticação, mas sem nenhuma fricção. Então, em vez de você fazer a dupla autenticação enviando um SMS para o cliente, com um código PIN, ou mandando um e-mail ou solicitando uma biometria, você faz essa verificação de forma invisível com uma validação à rede da operadora. O que se faz é uma checagem se a rede do usuário é a rede identificada na operadora, se as duas informações estão batendo. O aplicativo pega alguma informação ali de rede válida com a operadora e confirma essa localização do dispositivo. A mesma coisa acontece com o banco.

Existe uma terceira API, que é o Device Location. Quando ela estará disponível?

O Device Location ainda está sendo desenvolvido, tanto em termos de tecnologia quanto de produto. A ideia é lançá-lo a partir de maio. Essa API faz uma validação antifraude de localização de um determinado dispositivo. Há muito avanço por aqui em termos de fraudes, incluindo a utilização de GPS falso. Para evitar isso, o sistema captura a latitude e longitude de um GPS e valida essa localização em tempo real. 

Quem são os beneficiários das soluções?

De forma geral, todo o mercado, mas de forma mais específica, além do mercado financeiro, o segmento de varejo, por exemplo, pode se beneficiar dos recursos de segurança e antifraude. Todo mundo que tem e-commerce e todos os que tiverem alguma interface comercial via meio móvel serão beneficiados com o Open Gateway. 

Na prática, como é o modelo de Open Gateway da Claro?

Como operadora, a Claro pode oferecer diretamente as soluções. Uma grande empresa, como o Itaú, pode segregar seus contratos e contratar mais de uma operadora, e não precisará de nenhum intermediário, fazendo ele mesmo a gestão de acessos. Também pode existir o caso de um grande cliente, que precisa de personalização, mas não quer tantas interfaces de telecomunicações. Então, ele opta por ter um agregador, que se conecta a todas as operadoras e cria uma gestão de acesso, uma camada. Como esse agregador é um prestador de serviço, ele consegue adicionar mais serviços à oferta. E temos o hyperscaler, grandes provedores de serviços como por exemplo a Microsoft, que vão disponibilizar APIs nas plataformas deles. Serão contratos padrão e devem atender, por exemplo, fintechs, startups e empresas internacionais que não têm e nem precisam ter contato com operadoras no Brasil.



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